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Criado com o intuito de partilhar momentos de criatividade, numa vertente poético-fotográfica, este espaço é aberto à visitação de todos os interessados no resultado que a metamorfose das emoções possibilita.

Atrevo-me, pois, a pendurar nas "paredes" desta minha "sala de visitas", o que constitui o acervo da minha galeria de lembranças.

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Agnaldo Lima


sábado, 1 de dezembro de 2012

Incredulidade








fototografia & texto © agnaldo lima





Incredulidade 

 
Fecho os olhos por instantes e um medo terrível ameaça-me de morte.
Imagens desconexas embaralham-se na minha mente, como se fizessem parte de um filme mal montado.
Apavorado, num esforço quase animalesco, abro as pálpebras pesadas: é, quando, então, percebo que estou só.
A luz da lâmpada fere-me os olhos, mas me reanima.
Penso em ti, tão perto e tão distante, às vezes parecendo miragem, um corpo solto no espaço, leve e suave, caindo, preguiçosamente, para proteger-se em meus braços.
Balanço a cabeça, afugentando os pensamentos. Constato, então, claramente, a minha solidão, a minha orfandade.
Fecho, novamente, os olhos e imagino-me cercado por uma multidão; mas essa multidão tem cenhos enrugados, bocas lacradas e respirações ofegantes.
Pareço fugir do perigo para o perigo, numa angústia surda e estafante. Ao mesmo tempo, sinto-me estático, de pés amarrados, em meio ao perigo que me escraviza e me torna só.
Penso no passado, buscando vestígios de um deus que me liberte.
Uma nuvem escura inunda-me a mente, enquanto o peso do tempo contempla o intervalo dos dias.
É noite!
Passos repetem-se trôpegos pelas calçadas. Murmúrios quase inaudíveis jorram, intermináveis, entre dúvidas e esperas.
Vou sair pela rua.
Levarei uma lanterna.
Talvez, eu consiga encontrar deus.
Mas…
e se ele estiver neste quarto?...

 
 


 

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