fototografia & texto © agnaldo lima
Fecho os olhos por instantes e um medo
terrível ameaça-me de morte.
Imagens desconexas embaralham-se na minha
mente, como se fizessem parte de um filme mal montado.
Apavorado, num esforço quase animalesco,
abro as pálpebras pesadas: é, quando, então, percebo que estou só.
A luz da lâmpada fere-me os olhos, mas me
reanima.
Penso em ti, tão perto e tão distante, às
vezes parecendo miragem, um corpo solto no espaço, leve e suave, caindo,
preguiçosamente, para proteger-se em meus braços.
Balanço a cabeça, afugentando os
pensamentos. Constato, então, claramente, a minha solidão, a minha orfandade.
Fecho, novamente, os olhos e imagino-me
cercado por uma multidão; mas essa multidão tem cenhos enrugados, bocas
lacradas e respirações ofegantes.
Pareço fugir do perigo para o perigo, numa
angústia surda e estafante. Ao mesmo tempo, sinto-me estático, de pés
amarrados, em meio ao perigo que me escraviza e me torna só.
Penso no passado, buscando vestígios de um
deus que me liberte.
Uma nuvem escura inunda-me a mente,
enquanto o peso do tempo contempla o intervalo dos dias.
É noite!
Passos repetem-se trôpegos pelas calçadas.
Murmúrios quase inaudíveis jorram, intermináveis, entre dúvidas e esperas.
Vou sair pela rua.
Levarei uma lanterna.
Talvez, eu consiga encontrar deus.
Mas…
e se ele estiver neste quarto?...
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