colorir a alma
by
agnaldo lima
romper a casca, morder o vento, sugar da pedra o mel e lamber da terra o sal;
sujar as mãos com o
limo, chapinhar na chuva, cantar aos quatro cantos os sons da primavera.
acender a luz, ouvir os
rebentos, vestir-se de cores e beber da noite o frescor do orvalho.
ver nascer estrelas,
lambuzar a cara e sair à rua;
derramar loucuras,
risos e abraços e retomar compasso depois da noite nua.
ver nascer o sol e esquecer
cansaços, de noites mal dormidas, onde a sua
vida nutre-se de sombras.
recuperar o brilho
que lhe avive os olhos, soprar o pó e o lixo;
deixar que a sua
alma seja vagabunda.
texto © agnaldo lima
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